Em três episódios, ‘Viração – novos empreendedores’ conta história de brasileiros que trabalham sem carteira assinada
Diante dos desafios econômicos e do crescimento da informalidade no Brasil, uma nova geração de trabalhadores aposta em caminhos alternativos de sustento fora do mercado formal. A série inédita “Viração – novos empreendedores”, que estreia na GloboNews na próxima segunda-feira, dia 2 de junho, às 23h, acompanha o cotidiano de jovens de até 35 anos em quatro capitais brasileiras — Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Manaus — que decidiram se reinventar profissionalmente. Longe dos empregos com carteira assinada, eles atuam como motoristas de aplicativo, mototaxistas, vendedores ambulantes e prestadores de serviços autônomos. A série retrata a realidade desses profissionais que buscam mais autonomia, flexibilidade de horários e salários mais atrativos. Com três episódios, a produção será exibida sempre às segundas-feiras, às 23h.
Manaus
O que começou como uma simples ideia para matar a fome após um dia de trabalho se transformou em um negócio de sucesso. Aluna de uma universidade na zona sul de Manaus, Wanessa dos Santos, 35 anos, viu na própria necessidade uma oportunidade.

“Eu saía do trabalho e ia direto para a faculdade. Sentia falta de algo para comer ali por perto. Foi aí que pensei: por que não vender eu mesma?”, relembra. A ideia ganhou forma e, com o tempo, conquistou os estudantes da região. A “Mala da Nega”, empreendimento que nasceu no porta-malas de seu carro, cresceu, virou food truck e hoje conta com a ajuda da família.
“Não recebo nenhum tipo de benefício do governo e não espero. Nunca me destaquei também para ficar em fila. Eu sei que tem muita gente que vive com essa ajuda, que precisa, que tem suas dificuldades. Mas, eu não espero. Não espero porque, como eu falo, alguns têm muita sorte, outros não”, desabafa. A decisão de empreender também veio da frustração com o modelo tradicional de trabalho. “Eu penso e repenso sobre voltar a ser CLT, porque eu passo oito horas da minha vida dedicando a uma empresa e não vejo tanto resultado, tanto retorno para mim. Porque, claro, a gente não vive só para pagar contas. A gente precisa de lazer”, reflete.
São Paulo

O motoboy Maicon Gonçalves, 34 anos, morador da cidade de São Paulo, começou a trabalhar aos 14 anos fazendo entregas de bicicleta. Aos 18 anos se tornou motoboy e, hoje, como entregador de aplicativo, fatura de R$ 5 mil a R$ 8 mil por mês. Para ele, ser autônomo é sinônimo de liberdade.
“Eu faço o meu próprio salário. Tenho mais tempo para minha família e ganho mais do que com carteira assinada”. Apesar das longas jornadas — que podem chegar a 12 ou 13 horas por dia — Maicon não se arrepende. “Às vezes, as pessoas perguntam: ‘compensa você ficar trabalhando muito assim?’. Aí eu penso que compensa. Não é por bem material, mas sim por ver a felicidade da minha família”, afirma.