Empreendedores indígenas unem tradição e inovação para impulsionar economia sustentável na Amazônia

Amazonas

Projetos como etnoturismo, crédito de carbono e marketplace indígena mostram que é possível gerar renda com a floresta em pé

Empreendedores indígenas estão transformando seus saberes ancestrais em negócios sustentáveis, conectando tradição e inovação para fortalecer territórios e gerar renda na Amazônia. Com apoio de iniciativas como o PPBio (Programa Prioritário de Bioeconomia) e da AMAZ Aceleradora de Impacto, comunidades vêm protagonizando uma nova economia baseada no respeito à floresta e à cultura indígena.

Na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, a ativista Pí Suruí, do povo Paiter Suruí, lidera dois projetos financiados pelo PPBio: um voltado ao etnoturismo presencial e virtual e outro à retomada do projeto de crédito de carbono iniciado por seu pai, Almir Suruí, em 2010 — o primeiro REDD+ indígena homologado do mundo.

“Estamos unindo conhecimento tradicional e inovação. Nosso turismo e projeto de carbono são feitos 100% pela comunidade, com base na nossa visão”, afirma Pí Suruí. Segundo ela, o apoio técnico e financeiro do PPBio tem sido decisivo para tornar os sonhos da comunidade realidade e fortalecer sua autonomia.

Já Almir Suruí alerta para os desafios enfrentados: “Muita gente só aceita o indígena na miséria. Mas resistimos, crescemos e hoje mostramos que é possível gerar renda com governança e respeito”. Atualmente, os Suruí também se destacam como produtores de café de qualidade reconhecido.

Outra frente de inovação é o edital Elos da Amazônia – Edição Empreendedorismo Científico Indígena, idealizado pelo Idesam com apoio do INDT, voltado para jovens indígenas que queiram empreender unindo ciência e tradição. Os projetos receberão consultoria e apoio tecnológico para estruturação de negócios sustentáveis.

Gerar renda com floresta em pé é a forma mais eficaz de combater cadeias ilegais no interior da Amazônia”, reforça Paulo Simonetti, do Idesam.

Entre os negócios que já despontam está a Tucum, o primeiro marketplace indígena do Brasil, fundado por Amanda Santana. A plataforma conecta 4.860 artesãos de 87 povos, com impacto direto em mais de 2,9 milhões de hectares de floresta conservada. Biojoias, roupas e grafismos de etnias como Kayapó, Yanomami, Baniwa e Kamayurá estão entre os itens comercializados com preço justo.

“Cada arte carrega a essência e a luta de sua cultura. Comprar uma peça indígena é manter a floresta em pé com dignidade”, resume Amanda.

As iniciativas evidenciam o poder do comércio justo, da economia criativa e da autonomia indígena como ferramentas essenciais para um modelo sustentável de desenvolvimento amazônico.

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